O aborto de repetição é caracterizado quando há perda de
três gestações seguidas, com o mesmo parceiro. Se a mulher tem mais de 35 anos,
dois abortos em sequência já podem indicar o problema. O aborto pode ocorrer
até a vigésima semana de gravidez, mas normalmente acontece antes de 12 semanas
completas. Cerca de 0,5% dos casais sofrem com esta dificuldade.
As origens dos abortos de repetição podem ser das mais
variadas, e uma pessoa pode apresentar até mais de uma causa. São elas:
1. Causas genéticas;
2. Causas uterinas;
3. Causas imunológicas;
4. Causas autoimunes;
5. Causas hematológicas;
6. Causas hormonais e infecciosas;
7. Carência de vitaminas.
Já existem tratamentos eficientes no combate ao aborto de
repetição, como no caso de carência de vitaminas; a reposição pode ser feita
através da ingestão de algumas gotas de vitamina D, semanalmente, em fórmulas
desenvolvidas em farmácias de manipulação. Também se deve, de forma moderada,
expor-se ao sol, o que auxilia na fixação da vitamina D, entre outros benefícios.
Outro tratamento alternativo que pode ser associado é a
reposição de progesterona. Hoje em dia, é possível detectar a causa e tratar
adequadamente a paciente para permitir a evolução da gestação.
As principais condições que resultam em aborto de repetição
são:
SÍNDROME
ANTIFOSFOLÍPIDE
A síndrome antifosfolípide (SAF) é definida como a presença
de trombose, ou abortamentos de etiologia auto-imune na vigência de
auto-anticorpos circulantes contra fosfolípides ou proteínas associadas a
fosfolípides.
É uma trombofilia adquirida, diferindo de uma série de
condições hereditárias que se caracterizam por processos trombóticos de
ocorrência familiar.
A SAF pode ser primária, quando aparece isolada, o que
corresponde à maioria dos casos; ou secundária, quando conjuntamente presente
com outra doença, mais comumente o lúpus eritematoso sistêmico (LES).
A doença, seja ela na sua forma primária ou secundária,
predomina no sexo feminino. Estudos de prevalência em que se objetivou observar
a frequência de positividade dos anticorpos antifosfolípides, não os
correlacionando com a clínica, demonstram a presença desses anticorpos entre 5%
e 10% da população sadia. A prevalência aumenta com a idade. Esses valores se
elevam e podem chegar a 30%-50% nos pacientes portadores de LES.
Existe um ambiente pró-aterogênico na SAF, pois todas as
etapas do sistema de coagulação estão conjuntamente ativadas para que se
produza a trombose. Desse modo, as células endoteliais estão ativadas,
expressando um maior número de moléculas de adesão; o tônus vascular
encontra-se aumentado, com uma maior quantidade de vasoconstrictores
circulantes; as plaquetas agregam-se entre si e se aderem mais ao endotélio
vascular; alguns fatores de coagulação como a protrombina estão ativados e
favorecem a formação da trombina e, consequentemente, a quebra do fibrinogênio
em fibrina.
Por sua vez, o sistema anticoagulante natural, representado
pelas proteínas C e S, está reduzido, pois podem existir anticorpos contra
essas proteínas, diminuindo o seu valor plasmático; e, de forma interessante,
para se completar o ciclo, existe a inibição do sistema fibrinolítico.
TROMBOFILIA
A trombofilia é um problema grave e pode ser responsável por
alguns abortos “sem explicação”.
Trombofilia é a propensão a desenvolver trombos e/ou outras
alterações em qualquer período da vida, inclusive durante a gravidez, parto e
pós-parto, devido a uma anomalia no sistema de coagulação do corpo.
Na gravidez existem maiores possibilidades de uma mulher
desenvolver a trombofilia. As causas não são todas conhecidas, mas sabe-se que
o fator genético da doença é uma delas. Na gestação, as mulheres passam por
várias modificações do organismo, podendo ter grande tendência de
hipercoagulabilidade natural. Isso é fundamental para garantir que, após o
parto, a contração uterina ajude a encerrar a hemorragia que acontece após a
saída da placenta.
A trombofilia é um problema grave de saúde e precisa ser
tratado o mais rápido possível. Se ignorada, pode trazer sérios problemas para
a mãe e até causar a morte do bebê. O risco é que se forme coágulos e obstrua a
circulação, dando trombose venosa profunda, embolia pulmonar e cerebral como
também obstruindo a circulação placentária.
É importante que o ginecologista que acompanha a gestante
conheça o histórico da paciente e faça um acompanhamento mais detalhado caso
tenha histórico pessoal ou familiar de trombose; de três ou mais abortos
naturais de 1º trimestre, dois abortos de 2º trimestre ou um caso de natimorto;
casos de pré-eclampsia, principalmente com menos de 32 semanas; histórico de
descolamento prematuro de placenta ou parente de primeiro grau com mutações no sangue.
Para detectar se há algum tipo de trombofilia, o médico deve
pedir uma complexa investigação laboratorial. A doença não é detectada em
exames de sangue corriqueiros, apenas em específicos.
Existem tratamentos eficazes caso haja o desenvolvimento de
trombofilias. O ideal é que o médico que acompanha a gestante fique atento a
qualquer sinal e, assim que detectado o problema, encaminhe-a para um
hematologista ou reumatologista.
A trombofilia associada a problemas de gravidez, no entanto,
muitas vezes é assintomática, o que dificulta o diagnóstico. Ele costuma ser
feito quando há antecedência familiar ou abortos repetidos.
Possíveis causas ou fatores de risco:
1. Hereditária;
2. Obesidade;
3. Tabagismo;
4. Diabetes;
5. Pressão alta;
6. Uso de anticoncepcionais.